[PT-BR/EN] CRÍTICA DE FILME: “Partiu América” (2024)

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Sinopse: Uma família nordestina tem o sonho de viajar para conhecer os Estados Unidos, em especial, os grandes parques de diversão. No entanto, quando eles conseguem ter essa oportunidade, as coisas não saem exatamente como o que foi planejado no tão esperado roteiro de aventura deles.

Uma das coisas que o cinema brasileiro ainda é péssimo em fazer, é retratar o povo nordestino dentro da esfera cômica. Este projeto da Netflix que reforça isso (algo que por muitos anos também vem sendo reforçado pela Globo Filmes em outros projetos), apostando em um conjunto de piadas que tem mais falhas do que acertos, e em um desenvolvimento de personagens caótico dentro de uma representação que traz um arquétipo datado, exagerado, e de muito mal gosto.

PaiPee

Alimentando o seu grande sonho de finalmente viajar para os Estados Unidos com sua família, Matheus e a sua esposa Maria são jogados dentro de uma trama de corrupção que envolve o prefeito da cidade onde eles vivem. Basicamente, o que acontece é que o pequeno parque de diversões de Matheus é comprado pela prefeitura (que pretende criar um esquema de lavagem de dinheiro através da construção de um estacionamento) com passagens para viajara o exterior. Além disso, ele também iria trazer novas ideias para construir um parque de diversão na própria cidade onde ele vive.

Essa é a oportunidade aparentemente perfeita para que essa família de nordestinos (que também conta com os filhos Flórida e Stevenspilbi) consiga realizar esse sonho, mas tudo acaba se tornando em uma grande dor de cabeça à medida em que eles vão descobrindo (das piores maneiras) que tudo não passava de um golpe. Uma vez nos Estados Unidos, a trama vai acontecendo com a inserção de piadas sem tanto “molho”, reciclando um humor já conhecido e “apático”.

Indo Pra Orlando

Embora até existam algumas piadas que realmente funcionam, grande parte delas é fora de contexto e mal executadas, por não conseguirem pavimentar o desenvolvimento do roteiro, que por sua vez acaba também prejudicando os seus próprios personagens pela falta de criatividade em apostar na mesmice de uma narrativa precária. Sotaques arrastados de nordestinos que vivem em uma cidade do interior é a pior parte de tudo, porque é uma representação “didática” e vexatória de um povo que continua sendo visto como “presa fácil” para esquemas criminosos por serem “sonhadores”.

A parte mais irônica do filme é que a maior parte da trama não acontece nos Estados Unidos (e praticamente tudo o que acontece lá não é engraçado), enfraquecendo o roteiro que acaba boicotando à sua própria ideia central. Por outro lado, o contraste entre os dois lados de uma mesma moeda (Brasil vs. Estados Unidos) que é trazido pelo roteiro (com base nas frustrações vividas pela família), reforça a ideia de que nem tudo que vem de fora é sempre a melhor escolha.

JC

Tirando essa lição do roteiro, o que sobra é uma colcha de retalhos difícil de ser costurada. Matheus Ceará (que não é ator, mas é comediante) consegue se sair melhor como ator do que a própria atriz Priscila Fantin (que desenvolveu um personagem altamente estereotipado a ponto de se tornar insuportável em alguns momentos), e o restante do elenco nem vale à pena ser mencionado (com uma breve exceção as participações especiais de outros dois comediantes: Igor Guimarães e Mução, que se tornam uma presença de “luxo” no roteiro). O elenco tinha potencial, mas falhou bastante.

Na parte técnica, aconteceu o que já era esperado na grande maioria das comédias brasileiras: um orçamento baixo e visivelmente mal distribuído, edição de cenas abruptas e uma “colagem” de acontecimentos que não segue uma ordem mais lógica para justificar os acontecimentos que tentam deixar o filme de pé, e funcionar apropriadamente como tal. Não se trata sobre ter orçamento milionário, mas de saber como usar o que eles tinham em mãos para fazer algo maior.

Prime Video

Partiu América é um entretenimento esquecível (eu mesmo já fui esquecendo dele antes mesmo dos créditos finais se fazerem presentes na tela). Dirigido por Rodrigo César e escrito por Cadu Pereiva (uma dupla nada eficiente aqui), essa comédia tentou atirar para uma quantidade absurda de diferentes lados, mas não acertou em praticamente nada. Não é uma total perda de tempo para quem gosta de comédias neste estilo, mas particularmente falando, eu não é algo de grande potencial para quem realmente gosta de assistir comédias com um nível de qualidade em um patamar elevado.

**[ TRAILER OFICIAL ]**

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[EN]

MOVIE REVIEW: “America, Here We Go” (2024)

Synopsis: A family from the Northeast has the dream of traveling to see the United States, especially the big amusement parks. However, when they manage to get this opportunity, things don't go exactly as planned in their long-awaited adventure script.

One of the things that Brazilian cinema is still terrible at doing is portraying the people of the Northeast within the comic sphere. This Netflix project reinforces this (something that for many years has also been reinforced by Globo Filmes in other projects), betting on a set of jokes that have more flaws than successes, and on a chaotic character development within a representation which brings a dated, exaggerated archetype, and in very bad taste.

Nurturing his big dream of finally traveling to the United States with his family, Matheus and his wife Maria are thrown into a corruption plot that involves the mayor of the city where they live. Basically, what happens is that the small amusement park in Matheus is bought by the city hall (which intends to create a money laundering scheme through the construction of a parking lot) with tickets to travel abroad. Furthermore, he would also bring new ideas to build an amusement park in the city where he lives.

This is the seemingly perfect opportunity for this northeastern family (which also has their children Florida and Stevenspilbi) to make this dream come true, but everything ends up becoming a huge headache as they discover (in the worst ways) that it was all just a scam. Once in the United States, the plot begins with the insertion of jokes without so much “sauce”, recycling an already known and “apathetic” humor.

Although there are some jokes that really work, most of them are out of context and poorly executed, as they fail to pave the way for the development of the script, which in turn also ends up harming its own characters due to the lack of creativity in betting on the sameness of a story. poor narrative. The drawl of accents from people from the Northeast who live in a city in the interior is the worst part of all, because it is a “didactic” and vexatious representation of a people who continue to be seen as “easy prey” for criminal schemes because they are “dreamers”.

The most ironic part of the film is that most of the plot does not take place in the United States (and practically everything that happens there is not funny), weakening the script that ends up boycotting its own central idea. On the other hand, the contrast between the two sides of the same coin (Brazil vs. the United States) that is brought up by the script (based on the frustrations experienced by the family), reinforces the idea that not everything that comes from outside is always the best choice.

Taking this lesson from the script, what is left is a patchwork quilt that is difficult to sew. Matheus Ceará (who is not an actor, but is a comedian) manages to do better as an actor than the actress Priscila Fantin herself (who developed a highly stereotypical character to the point of becoming unbearable at times), and the rest of the cast is not worth it worth mentioning (with a brief exception of the special appearances of two other comedians: Igor Guimarães and Mução, who become a “luxury” presence in the script). The cast had potential, but failed a lot.

On the technical side, what was already expected in the vast majority of Brazilian comedies happened: a low and visibly poorly distributed budget, abrupt editing of scenes and a “collage” of events that does not follow a more logical order to justify the events that try to leave the film stands up, and functions properly as such. It's not about having a million-dollar budget, but about knowing how to use what they had at hand to do something bigger.

America, Here We Go is a forgettable entertainment (I myself had already forgotten about it before the final credits even appeared on the screen). Directed by Rodrigo César and written by Cadu Pereiva (an inefficient duo here), this comedy tried to shoot an absurd number of different sides, but got practically nothing right. It's not a total waste of time for those who like comedies in this style, but particularly speaking, it's not something of great potential for those who really like watching comedies with a high level of quality.


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10 comments
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Bzzzz, mas que decepção hein?! Partiu América é um filme mais como um beijo de abelha, cheio de doçura e promessa, mas no final do dia, é só umas gotas de mel é que resta. Era esperado um filme que desse um jeito melhor em retratar a realidade nordestina. Mas, como eu sempre digo, 'não é o que você coleta, é como você co #hivebr

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Achei o filme fraco de enredo, mas dei muitas risadas

Está na parte de sessão da tarde.

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Eu gostei bastante do filme, ri bastante com a minha família quando eu vi. Até que tem umas produções brasileiras que tem uma certa qualidade.

!BBH !LOLZ !HUG

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Tive a mesmas sensação que você. E como nordestina, fico indignadas com a imitação barata,é forcada que fazem do nosso povo. Sem falar que temos bons atores nordestinos tb, mas nunca tem oportunidades. Sempre colocam uns nada a ver. Triste. Filme horrendo.

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Assiste recentemente, me senti em uma adaptação Adam Sandleriana brasileira. Que acredito seja o que o Matheus queria propor mesmo.

Um filme de piadas fáceis de entender, que pode tranquilamente passar em uma sessão da tarde sem problemas, e trazendo ótimos nomes para contracenar como é o caso do Mução, um ícone da comédia nordestina.

Por mais filmes brasileiros assim.